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Viagem de moto para Ushuaia - verão 2017

Há tempos que fazer uma viagem grande de moto estava nos planos, principalmente dele. Agora não havia mais desculpas: moto boa, filhos cresceram… então vamos? Vamos. No fim de janeiro, começo de fevereiro de 2017!

E o roteiro escolhido foi Ushuaia - Terra do Fogo, sul do sul da América. Planeja daqui, pesquisa dali, chegamos à conclusão de que desde SP até lá e volta iriam 30 dias. Eu estava disposta a ficar 20 no máximo. Resolvemos que ele sairia com a moto daqui até Buenos Aires, indo pelo Uruguai, e nos encontraríamos em Buenos Aires. Na volta, eu voltaria também de Buenos Aires de avião e ele continuaria de moto até São Paulo.

A moto em questão é uma BMW 1200 GS, ano 2008. Revisão completa, pneus, óleo e filtros novos, malas laterais e top case. O tank bag se mostrou muito útil também, além das malas internas das malas laterais. De tanto que falaram, achamos por bem levar um tanque extra, de 7 litros fixado acima do top case. Levamos um GPS, que enquanto funcionou se mostrou muito útil, mas a descoberta de que ele só continha mapas do Brasil aconteceu na entrada do Uruguay, o que foi um tremendo mico. Sorte que o roteiro era estrada única descendo, e outra única subindo no retorno. O mapa rodoviário da argentina em papel, comprado na véspera da saída, ajudou bastante!

E assim foi. A ida de moto ele sozinho, com calma, durou 5 dias. De São Paulo, via Sorocaba, Itapetininga, Capão Bonito, Apiaí, Serra do Rastro da Serpente, Colombo, Curitiba e Lages, no primeiro dia. No segundo, Urubici, Vacas Gordas, Bom Jardim da Serra, Serra do Rio do Rastro, Lauro Muller, Criciuma, até Torres. De lá, para Porto Alegre, Pelotas, Chui, pernoitando em Punta del Diablo, já no Uruguay (e sem GPS). No quarto dia, Cabo Polonio, Punta del Leste, até Montevideo. E no último dia de viagem solo, Colonia do Sacramento. No dia seguinte, sábado, travessia logo cedo do Rio da Prata para Buenos Aires - Puerto Madero, através do Buquebus, tkt comprado com antecedência pela internet. Total da ida solo até Buenos Aires, 2.520km em 5 dias. Ele achou uma moleza!

Eu peguei o vôo em Guarulhos e nos encontramos no hotel na Recoleta.

O primeiro desafio era a bagagem. A moto tem duas malas laterais e uma traseira. A traseira não era negociável, era para capa de chuva, ferramentas, galocha, etc. Eu acabei ficando com a lateral maior, oposto ao escapamento, mas mesmo assim, bem pequena.  Criatividade e minimalismo!!! Com direito a sapatilha e dois vestidos para poder jantar, maiô e kaftan!

A minha mala é a da esquerda...

Iniciei minha parte na expedição, como garupa na BMW GS 1200, em Buenos Aires.
Encontramo-nos no hotel, ele vindo desde SP com a moto, e eu de avião.

Primeira boa notícia: meu vôo chegou no Aeroparque, apenas 15 minutos de taxi do hotel na Recoleta… ótimo! E eu, cumprindo a meta de viajar sem despachar bagagem (a mala interna da mala da moto foi na cabine comigo), rapidinho estava no hotel onde ele já me esperava, já tinha passeado e tudo. Ah sim, como ele foi com a minha "mala" vazia, sem bagagem, meu capacete e minha roupa de moto foram nela! O hotel - Loi Suites Recoleta - foi indicação da amiga Vera. Muito gostoso e bem localizado!

Partimos para passear um pouco na feirinha da Av. del Libertador, Malba e jantar no Fervor uma carninha ótima, boa dica da Sonia, outra super amiga.

Dia seguinte, após um belíssimo café da manhã, aparamentamo-nos e partimos rumo a Ushuaia. Ah, e descobrimos que estrangeiro com passaporte pagando o hotel com cartão de crédito fica isento da cobrança do IVA, que é 21%.

café da manhã com palmier….

O roteiro que montamos era descer pela Ruta 3, e voltar pela Ruta 40 até Bariloche e de lá, cruzar para Buenos Aires por Santa Rosa.

O primeiro dia foi de Buenos Aires até Punta Alta, uma paradinha técnica para dormir. Seriam 651 km mas acabamos errando um pouco o caminho e acabamos rodando 715 km. Nesse primeiro trecho, a Ruta 3 estava com muito vento e estava bem quente.  A estrada com asfalto bom, vazia é uma reta só!


Quase ficamos sem gasolina, a moto chegou com autonomia -2km. Isso mesmo: depois de zerar, ainda andou uns 2 km só no cheiro e na reza até o posto em Azul. Isso, porque logo depois de Buenos Aires, passamos por um posto de gasolina, mas como ainda tinha 3/4 de tanque não paramos… erro!!

Argentina é o seguinte: quase não tem posto de gasolina, um a cada 250 km mais ou menos e quando tem, nas cidades, está sempre lotado com fila de 20 min. Sem brincadeira. Mesmo quando a cidade não é tão pequena, são raros os postos de gasolina e sempre, sempre tem fila para abastecer. Um horror!

Outra coisa: posto YPF e Petrobrás (raros) aceitam cartão de crédito 90% de chance, mas os sem marca ou Axion, só cash. Os YPF têm sempre banheiros ok e lanchonete com wi fi. Alguns postos só aceitavam cartão Visa, ainda bem que levamos os dois - Visa e Mastercard. Também vale lembrar que levamos 3000 pesos argentinos, 90.000 pesos chilenos e 500 dolares além dos cartões.

Esses dois dias foram quentes e ventosos! Um vento de dar medo quando saía do vácuo de caminhão por exemplo. Sem chuva, ainda bem.

A ideia é sempre parar para esticar e descansar nesses postos, enquanto a fila anda na bomba  de gasolina. E tomar um suco ou um café, banheiro, etc. Mas não almoçar, para não dar sono no piloto.

Dia seguinte, partimos cedo para Península Valdes, um dos lugares onde iríamos ficar mais de uma noite, para passear e relaxar. Esse dia ventou!!!! Muito… E também ficamos sem gasolina, só que dessa vez, acabou mesmo e não apareceu o posto! Tivemos que nos valer dos primeiros socorros e abastecer com o tanque extra que levamos em cima do bagageiro de trás, esse vermelhinho da foto. Ah sim, as estradas são vazias, sem viva alma!

Estrada vazia, vazia.


Foram 799 km até Puerto Piramides, onde ficamos hospedados por duas noites. É dentro do parque nacional da Península Valdes, uma das vilazinhas, acho que a maior, mas mesmo assim, bem tranquila e rústica. Tem que pagar para entrar no parque. A estrada é asfaltada até a vila e venta demais.

Nesse dia, percebemos que quebraram dois parafusos do suporte da mala traseira, aquela que é o meu descanso de costas. Veredito: nada grave, mas não posso mais descansar as costas no encosto. Ai...


Ficamos na pousada Del Nomade, que descobri fuçando na internet. Gostamos muito, bem charmosa e sustentável, quarto amplo com varanda e bem caprichado. Nesse dia, passeamos pela vila e jantamos no Refugio - lagostim e vieiras gratinadas, dica do Marco. Bom!!

Dia seguinte, café bem gostoso na pousada e fomos conhecer a península, local de concentração de lobos marinhos, leões marinhos, baleias e orcas. Fomos de moto sozinhos até os mirantes de observação, na Punta Norte, Punta Delgada e Caleta Valdes. Uma longe da outra - 40 km, 70 km, etc.

O loop completo deu 240 km, e tudo um tal de RIPIO… o tão famigerado e temido ripio… é uma estrada de pedrinhas soltas, fofas e muito instável para moto! Foi o primeiro teste, e com direito a alguns sustos mas nada demais, ele passou com louvor e não caímos! Muito lindo o lugar, mas não vimos baleias porque não era época, e as orcas parece que apareceram antes de nós chegarmos na Punta Norte, pelo menos a placa dizia que tinham sido avistadas 3 aquela manhã…(vai saber há quanto tempo ela está dizendo isso…)


De volta a Puerto Piramides, tiramos a roupa de moto, colocamos maiô e eu resolvi ir à praia nadar… Praiazinha sem graça, de pedriscos e mar sem muito apelo. Na praia tem umas construções que parecem cavernas na areia petrificada, lembra uma prisão ou uma habitação de hobbit.  Nesse dia, jantamos no La Estacion, indicação da moça da pousada. Médio...


Terceiro dia, saímos para Comodoro Rivadavia, estrada boa e sem problemas. Tempo bom também. Foram 520 km nesse dia. Chegamos 16h na cidade, que não tem nada, uma praia de pedrinhas. Já começa a anoitecer cada vez mais tarde, então o restaurante só abriu para  jantarmos às 21h, ainda dia. Comemos uma massa muito boa, a minha com creme de lagostins, uma delícia, mas queria ter jantado antes…

Estância Doraike





























De lá, continuamos pela RN 3 em direção a Ushuaia, paisagem desértica, muitos ganacos e aves tipo emas ao lado e cruzando a via; chegamos às 15h na Estância Doraike, RN 3 km 2406, em Parque Monte Leon, onde ficamos por uma noite. Foi um relax merecido, com conforto e beleza, depois de rodar 578 km. Uma pousada dentro da fazenda de criação de ovelhas, onde descansamos, caminhamos e nos serviram entradinhas, empanadas levíssimas e um cordeiro patagonico com batatas rústicas muito apetitoso no jantar. O super café da manhã é preparado no horário combinado com cada hóspede e é muito bom mesmo! A Vivian, que administra a pousada é ótima anfitriã e cozinha muito bem. E só aceita cash - pesos argentinos ou dolares, comum por toda a Argentina!

Nosso quarto - Gran Patagônia


São quatro ao todo - duas suítes e dois com um banheiro em comum






























































De lá, continuamos a viagem, já bastante frio, 5 graus celsius,  e uma manhã de muita chuva…. Vento nem tanto… Fizemos alfândega para entrar no Chile - levamos passaporte e a documentação da moto, com a carta verde para Argentina e a outra para o Chile. Desce da moto, tira capacete, tira luva… depois, coloca tudo de novo, sobe na moto… cansa...

Na alfândega, encontramos um viajante de bicicleta, cheio de bagagem, pedalando para Ushuaia! É sempre assim, nunca se é o primeiro nem o último na escala social da ruta 3.

Pegamos o ferry para atravessar o Estreito de Magalhães - paga dentro da balsa mesmo, aceitam pesos chilenos ou argentinos (135 pesos argentinos para a moto e nós dois) e seguimos até Cerro Sombrero - nesse dia foram 365 km - uma cidadezinha no Chile com pousadinha boa - a única da cidade, só aceita cash: pesos chilenos, argentinos ou dolar.  A cidade deve ter 3 ou 4 ruas, economia movida a  petróleo, mas na praça central tem wi fi ótimo…. Chile!!








No dia seguinte, chegamos em Ushuaia, passando pela estrada onde tem uns 70 km de ripio bom, bem compactado, sem nem um pouco de stress - super fácil se comparado com o da Peninsula Valdes! E desses 70 km, mais da metade está em obra de pavimentação bastante adiantada. Essa estrada no Chile ainda não é toda asfaltada - dos 200km, quase 70km são ainda em ripio. Logo logo, estará asfaltada! De Cerro Sombrero até Ushuaia, porta a porta, foram 431 km asfaltados, 2 fronteiras.

Nesse ripio da viagem, quebrou o para barros traseiro da moto, e pelo que entendi, é um acessório que nem precisava ter vindo. Como não tinha conserto mesmo, foi levado como bagagem até Ushuaia e lá, descartado.





Na chegada a Ushuaia, a paisagem muda totalmente, o terreno fica montanhoso, com árvores parecidas com pinheiros, lagos, curvas, já bem clima e jeito de montanha! A chegada em Ushuaia, com direito a fotos no portal da cidade, foi muito comemorada por nós, uma vitória e muita emoção, felicidade e agradecimento porque tudo correu super certo até lá!! Pegamos tempo bom, nem todos os dias ensolarados mas todos super aproveitáveis. Friozinho gostoso, pouco mais à noite, mas eu adoro!



Ficamos em Ushuaia por 4 noites no Los Cauquenes, hotel SLH, muito lindo e com localização privilegiada, na margem do Beagle. Aproveitei muito a piscina aquecida interna e externa com a super vista! E  ensaiei entrar no Beagle para nadar, nem era tão frio, mas muito pedregulho que incomoda, não gostei...


O hotel, como é longe do centro, tem um serviço de traslado ida e volta durante o dia, vários horários, o que é super conveniente para ir, voltar de passeio (que sai do cais do porto bem no centro) e para ir e voltar do jantar. Em Ushuaia imperdível experimentar as Centolas - king crabs gigantes que são encontrados no Beagle, super fresquinhos, que provamos no restaurante El Viejo Marino, na av. Maipu, 227.

Encontramos dois casais de brasileiros no hotel que estavam fazendo a mesma viagem em dois carros 4x4…. é outra ideia para quem não encara ou não tem moto! Além de guincho no para choques dianteiro (o que é proibido na Argentina e lhe valeu uma multa logo de entrada), um deles levava um galão de combustível de 150 litros (resquícios da má impressão causada por viajantes de outrora…)

O primeiro passeio que fizemos foi ao Parque do Fim do Mundo. Fomos de moto mesmo, continuando a RN 3 até o final. A entrada do parque fica a cerca de 20 km do hotel, paga-se em dinheiro - acho que 130 pesos por pessoa -  e lá dentro a estradinha é linda e leva aos dois pontos de parada: o local onde há a agência de correio mais austral do continente - serve aos poucos moradores da Isla Redonda - e a Baia Lapataia, km 3079 da RN 3 que é o fim da linha mesmo, e tem uma vista maravilhosa do canal.





No parque, encontramos pai e filho espanhóis que vieram com as motos BMW Adventure novinhas de avião até Montevideu e ali iniciaram a viagem deles. Antes de Ushuaia, já tinham visto a largada do Paris Dakar em Buenos Aires, subido para o Chile inteiro desde o Atacama, iam rodar 2 meses no total antes de voltar para casa.

O segundo passeio que fizemos em Ushuaia, de dia todo, é navegação no canal até a Isla Martillo, a pinguinera, onde se pode caminhar entre os pinguins. Fomos com a Piratour, que é a única agência autorizada a descer com os turistas na ilha, que pertence à Estância Harberton, onde existe a sede da antiga fazenda, a mais antiga de Ushuaia, e um museu onde biólogos estudam a fauna do canal - baleias, focas, golfinhos. Custa 2400 pesos argentinos por pessoa - aceita cartão de crédito - mais a taxa do porto que deve ser paga em dinheiro, 200 e poucos pesos por pessoa.



Em Ushuaia ainda fizemos a subida do Cerro Martial, um glaciar que fica praticamente na cidade, subimos até o fim da estrada com a moto, estacionamos e subimos o restante a pé.

Restaurantes em Ushuaia: El Viejo Marino, Maira Lola Resto, Los Cauquenes, Ramos Generales.

No 12o. dia começamos a parte da subida em direção à volta, pela RN 40. Nossos pontos de relax nessa etapa incluíram El Calafate - não fomos para Puerto Natales nem Punta Arenas porque já tínhamos ido em outra viagem para Torres del Paine e não pretendíamos repetir lugares - Bariloche, mais especificamente o hotel Llao Llao e mais um dia em Buenos Aires.

Saímos as 9h30min do hotel Los Cauquenes (delícia, gostamos muito). Viemos bem até perto da serra, onde começou uma chuvinha e esfriou muito. Pegamos fila na alfândega para sair no Chile e quando fomos atendidos, surpresa: faltava um carimbo da saída da Argentina e entrada no Chile, porque passamos direto - parecia deserta, mas era para ter entrado. Tivemos que voltar 15 km na terra/ripio, fazer a saída da Argentina, anda de novo os 15 km e aí, sim, faz a alfândega para entrar no Chile, com mais fila óbvio. Dali, fomos para a balsa, fila de carros, a balsa quase saindo e nós, com a moto, pudemos entrar! Nessa altura já tinha parado a chuva. Com tudo isso, chegamos em Rio Gallegos quase  20h, de dia ainda, no hotel - foram 617 km! Era bem bom, um quatro estrelas grande, quarto e banho ótimos. Jantamos no hotel mesmo, massas deliciosas - sim, já aprendemos que a carne nessa parte do país não é boa, porque tem pouco pasto, é muito seco…


De Rio Gallegos, seguimos pela RN 40 até El Calafate (tudo Patagonia, patagonia argentina é bem grande…), rodando 305 km. Não precisa dizer que era esse retão, sem nada além de ganacos e emas, sem posto, sem nada… Chegamos na cidade com autonomia de exatos 10 km (sem contar, claro, com nosso kit de primeiros socorros, que andava sempre cheio)!!

Chegamos em El Calafate cedo, esse dia foi light. Estacionamos a moto no jardim da entrada da pousada bonitinha, cheio de lavandas imensas e maravilhosas (queria que a lá de casa fosse assim), relaxamos e fomos andar de bike na beira do lago da cidade. Cidade bonitinha, tem um quê de Campos ou Monte Verde, bastante turística. Jantamos num restaurante da cidade, estava cheio então arriscamos. Bonzinho, nada demais.


Dia seguinte, fizemos o passeio ao glaciar Perito Moreno, com barco e minitrekking no gelo! Esse dia foi lindo, ainda fizemos as passarelas do Perito Moreno depois do passeio, sozinhos. Lugar de tirar o fôlego, agora já vi os dois lados - chileno e argentino!!!


Esse glaciar tem 4 km de largura e 28 km de extensão

Esse paredão chega a ter 70m de altura de gelo




Em El Calafate encontramos um grupo de brasileiros de Santa Catarina em uma viagem de BMWs. Eles nos deram alguns conselhos para alterar um pouco as estradas por onde passar depois de Bariloche.

Depois de duas noites em El Calafate, retomamos a ruta 40. Fomos até Perito Moreno (cidade) esse dia - 696 km! Começo bom, depois 70 km de ripio horrível, andando a 30 km/h para não cair! Felizmente, no ripio estava sem vento e sem chuva, só frio. Quando acaba o ripio, portanto asfalto, de Gobernador Gregores em diante, estava um vento de matar. Saímos de El Calafate às 8h35min e chegamos em Perito Moreno às 19h. Mas a viagem foi tranquila, graças a Deus. Cidade simples, nada de mais, hotel idem.


De Perito Moreno, continuando na ruta 40, pegamos ripio depois de Rio Mayo por uns 10 km e então, alertados por outras motos que vinham, entramos no asfalto não liberado para carros e aí foi ótimo! Depois de Gobernador Costa, mais um trecho pequeno de ripio… eles não desistem. Para nós, além da instabilidade, do vento e da poeira, a velocidade tem que ser bem baixa… ouvimos muita história de quedas, quebrar moto, motoqueiro que vai parar no hospital.


Chegamos em Esquel - outra parada técnica para pernoite - uma bela surpresa.  Nesse dia andamos 536 km. A cidade é uma estação de esqui, com boa estrutura e bem arrumada. Nosso hotel era estiloso, todo em madeira, bem pitoresco e agradável. Passeamos a pé pela cidade e jantamos uma pizza ótima. Nessa região, percebemos que os moradores estão em briga com as multinacionais que estão se instalando para explorar as minas de ouro.




Saímos no outro dia às 10h do hotel de Esquel porque nossa jornada era pequena nesse dia - iríamos até Bariloche, ficar no Llao Llao por dois dias aproveitando e relaxando, rodamos 309 km nesse dia, queríamos chegar cedo e chegamos 14h no hotel.










Depois de dois dias inesquecíveis, descansados e revigorados, retomamos a rotina da moto na estrada… Saímos tarde do Llao Llao, o tempo estava firme e temperatura agradável, mas perdemos tempo atravessando Bariloche até pegar a Ruta 40 de novo. Até depois de La Angostura, a estrada vem margeando rios e repressas, com curvas e paisagens lindas. Depois de lá, volta a ficar plano, reto e árido, como na ruta 3. Nesse dia, acabamos indo até General Roca. Foram 529 km.

Dia seguinte, a ideia era ir até Trenque Lauquen, 651 km de estrada. A ruta 152 estava muito esburacada… Mais uma parada técnica para pernoite.

Finalmente, chegamos em Buenos Aires, depois de 451 km de estrada boa, asfaltada. Muito calor e, para minha surpresa, mesmo chegando perto da capital do país, muita área deserta e estradas de pista simples, como de resto onde passamos. Quando chega perto, cerca de 80 km de Buenos Aires, a estrada passa a ser pista dupla e, aham, começam os pedágios. Só para entrar em Buenos Aires pagamos mais de 40 pesos de pedágio - moto!

Chegamos cedo em Buenos Aires - 14h - suficiente para fazer o checkin, estacionar a moto, tomar uma ducha, colocar roupa de calor - super quente lá - e pegar um uber para visitar o museu do Automóvel Clube Argentino, um lanche no museu de artes decorativas que fica ao lado, passar no Malba para dar a última olhada e seguir para Palermo, passeando a pé. Até pararmos para jantar no La Cabrera e de lá, uber para hotel.
Ferrari do Fangio no Museu do A.C.A.

Dia seguinte, maridão me deixou no Aeroparque, voltei para São Paulo e ele seguiu de moto, agora rumo à região das Missões argentinas e brasileiras.


No primeiro dia sozinho, foi até Pasos de los Libres, e acabou cruzando a ponte e dormindo num B&B em Uruguaiana - cidade natal do meu pai, muito mais em conta!

No outro dia, voltou para Argentina e seguiu rumo a San Ignacio Mini. Lá ficou por dois dias para visitar as missões (San Ignácio, Loreto e Santa Ana). Depois, cruzou para o Brasil (agora em definitivo com GPS novamente), visitou Santo Angelo e São Miguel das Missóes e dormiu em Ijuí - minha cidade natal.



Dali, foram mais 2 dias até finalmente chegar de volta a São Paulo, com a moto intacta, apenas suja.

Final feliz, sem nenhum arranhão e nada além dos dois parafusos quebrados no suporte da mala traseira e o para barros traseiro que ficou como lembrança em Ushuaia de nossa passagem por lá.

No total, de porta a porta, e contando o que rodamos nas cidades além da estrada, foram 13.193 km. Um sopro!!



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